sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Domingo

Meus passos ecoam no chão de concreto da Paulista.

Desde que ele foi embora, todos os sons morreram... deixaram de fazer sentido. Tudo que escuto agora é mera figuração na minha vida. E ela, é mera figuração para todo o resto.

Lembro a todo instante quando estavamos juntos, era tudo muito diferente. Lembro de como eu via a vida de maneira tão mais alegre e tão mais... próxima.

Mas o perdi para as sombras, para o cotidiano, para ninguem.

Não sei de quem é a culpa dele ter partido. A todo instante penso como as coisas seriam se tivesse com ele do meu lado. É, no fundo, sei que a culpa é minha, mas meu orgulho permite que eu passe um pouco dessa culpa para o resto do mundo.
Os rostos frios que cruzo no dia-a-dia. A conquista sem recompensa, um sorriso não dado na hora mais esperada. As obrigações descobertas depois de cumpridas. O sexo, simplesmente o sexo. O melhor produto pela embalagem. O fator decisor sem motivo de escolha. O todo sentido, sem sentido algum. Não foi só culpa minha.
A culpa só está na parte em que deixei tudo isso me tomar.

Sinto falta de você, nos meus momentos mais felizes. Na hora de traçar futuras escolhas. Planejar a vida dalí alguns anos. Escolher como seria o nosso apartamento, que cachorro teriamos, e onde iriamos trabalhar.

Mas agora te perdi.
Perdi nessa cidade, nessa vida, nesse mundo.
Não te reconheço mais. Você não existe.
Um espelho nunca exerceu tão bem sua função quanto antes, refletir o que se espera.
Antes, podia ver agente. Agora, vejo apenas alguem.
Perdi meu eu.

Não me reconheço mais, desde que você foi embora.
O "eu" foi embora.
Não conheco mais a minha primeira pessoa.
Sei que ele está perdido em algum lugar no meu coração.
Talves, escondido em alguma sombra, com medo de tudo que existe por aí.
Sou apenas uma carcaça, uma marionete.

Antes, eu me regia.
Hoje, apenas funciono.

Mas quem sabe quando a felicidade chegar
você, meu eu, perca seu medo. E saia dessa sombra escura.
E assim, juntos, voltamos a ser quem eu era antes.

domingo, 18 de novembro de 2007

Manual de Instrução


É engraçado como nós, seres humanos, buscamos a felicidade. Mesmo que estejamos completamente cegos de como fazer isso.

Essa foi a primeira frase daquele menino tão frágil que se sentava na poltrona na sua primeira terapia. A primeira frase, de um longo monólogo.

É engraçado como acreditamos sempre estarmos fazendo o melhor para nós mesmos, mas é incrível como ignoramos a nós mesmos, e falamos por nossas emoções. Agora eu pergunta, seria nossas emoções nós mesmos?

Agente tenta, agente busca, mas quem sabe, agente encontra? Quem sabe, agente encontra.

Eu gosto de várias coisas, gosto de acordar cedo em ambientes bem iluminados, gosto de comer melancia com fanta-uva, gosto de dormir com minha cachorra come tivesse abraçado com um travesseiro. Apesar de gritar com ela, adoro quando ela enfia o focinho em minha orelha. Gosto quando me elogiam, gosto de chorar, chorar de rasgar o peito, de soluçar, e de fazer isso, quando ninguém está olhando.

É engraçado como nossa felicidade depende de detalhes. E um amor? É um detalhe? Ou o protagonista?

É engraçado, como na maioria das vezes, nossa felicidade se importa com as dos outros?
Porque precisamos de nossos pais felizes para sermos felizes?
Porque precisamos de nossos amigos felizes para sermos felizes?
Porque precisamos de algo para sermos felizes?
Porque existe felicidade? É porque existe tristeza?
E quem veio primeiro?

É engraçado como lutamos para fazer com que as coisas aconteçam, ou não aconteçam. Como no meu caso.

É engraçado ver mães que levantam caminhões para salvarem seus filhos. Homens que usam seus corpos como escudos perante a imensos barcos pesqueiros, a fim de proteger as baleias.

São pelas baleias? É por uma causa? Ou é por ele mesmo?

Será que cada um já parou para se perguntar se tudo que faz é por si mesmo? E quem determinou que isso, é por si mesmo?

Somos manipulados talvez. Ou viemos para o mundo, em branco, e nós mesmos escrevemos cada palavrinha em nossa vida.

Existem mãos terceiras que escrevem por nós também? Ou somos nós que escrevemos por elas, em nossas folhas brancas?

Sempre condenei a filosofia Carpe Diem. E sempre me condenei por condená-la.
Quem sabe, se a vivesse, seria muito mais feliz?
Quem sabe, se a vivesse, não pensaria tanto nas coisas que penso.

Eu penso demais... E isso é vantagem? Quem sabe? Quem é que determina algo se algo é ou não?

O ser humano é engraçado.
Cria critérios, nunca existentes.
Se baseia em leis, nunca provadas.
Crêem em mitologias, muitas vezes, infundadas.
Dependem emocionalmente, do inemocional.
Dependem fisicamente, do emocional.

Dependem.

O lance da hora é qual então? Independência?
Quem determinou isso?

Talvez, se as pessoas acreditassem que não existe essa regra, e que a palavra determinou foi determinada por alguém que começou a determinar coisas, elas seriam por si só e por si mesmas.

Ah, se fosse só universo.
Mas ele é repleto de estrelas.

Ah, se fosse só o ser humano.
O animal, instintivo, ser humano.
Mas não... somos SERES HUMANOS.
Dependente do universo repleto de estrelas.

É engraçado.
É lindo.
É triste.
Somos nós.

Agora, quem sabe você não determina o que é bom para mim. Já que eu, que desisti de acreditar na determinação, na sei mais determinar os caminhos da minha vida.

Queria acreditar que as coisas são simples, ou ser como todos os outros da minha idade.
Queria me sentir lindo pelo meus traços físicos, queria me sentir feliz pelos amigos que tenho, pela casa que moro, pela minha família, pelas minhas crenças, pela minha melancia com fanta-uva, e pela minha cachorra/travesseiro.

Queria ser um cachorro. Que não é determinado e que a única coisa mais importante do universo todo, é a hora que seu dono chega em casa.

Não existe bronca, não existe raiva, não existe racional. Nessa horinha do dia, é todo o emocional explodindo em latidos.

É engraçado como o mundo todo funciona.
Se viemos da evolução de micronanominiparticulas ou de Adão e Eva.
É engraçado o que somos, o que nos transformamos e o que iremos nos tornar ainda.

E é engraçado, que apesar de dizer, e saber, e raciocinar e sentir tudo que disse, a única coisa que eu quero é determinar que cair nos braços amados em um campo limpo num dia lindo de verão, é tudo que eu preciso para ser feliz.

Não sabemos o que determina o que é certo ou errado. Não sabemos se o que estamos fazendo é exatamente o mais correto, mesmo porque, não sabemos o que é o correto.
Mas sabemos determinar a única coisa que não se determina, que é o que nos faz feliz.

Independente de raça, cor, cultura, dinheiro, lugar...
Quando o não determinado, determinar, é só isso que iremos desejar para nossa vida.

E passível, o garoto se levantou, e deixou a sala de sua terapeuta.
O próximo “paciente” já esperava ao lado de fora, com uma perna impaciente, carregado de novidades para serem determinadas em sua vida.

...


Video e Texto por:

/ares - neotemporaneo.blogspot

domingo, 28 de outubro de 2007

Anestézya


Era uma vez um menino. Mas um menino diferente de qualquer outro. Não porque ele era diferente do que se espera, mas diferente do que o diferente exige.

Ele tinha os olhos verdes-alaranjados, cabelo de grama todo despenteado cor azul-céu. Tinha dois olhos grandes e esbugalhados, um nariz pequenino e uma boca um tanto quanto engraçada. Não era muito alto, não era muito baixo. Era magrinho e desengonçado. Ele tinha também duas asas pequenas que não sabia usar. E ele era muito triste por isso.

Ele tentava bater as asas com a maior força possível, mas elas não conseguiam sustentar todo aquele peso. Ele desistiu, achou que as asas eram só de enfeite. Eram só para deixá-lo mais estranho... E mais desengonçado, afinal, uma de suas asinhas era um pouco maior que a outra e sempre fazia com que ele desequilibrasse.

- Mestre, porque tenho asas e não consigo voar?
- Talvez seja porque você não as tem para que sirvam para voar.

E ele triste, virava as costas e procurava algo para se distrair.

Um dia ele perguntou para seu mestre se toda pessoa tinha algo especial. Ela respondeu que sim, mas já percebendo que ele ia perguntar novamente sobre suas asas, ela já interveio:

- Mas quem sabe o seu especial não sejam seus olhos.

O mestre dele dizia que ele tinha olhos grandes porque ele podia ver coisas que outras pessoas não podiam ver.

O menino, quando passeava nas ruas percebia que as pessoas comuns não o viam. Assim como não viam as milhares de fadas que circulavam as árvores depois que chovia, que viam em busca do orvalho que descansavam nas folhas para poderem se banhar. Assim como não viam os inúmeros gnomos que ajudavam as raízes das árvores a costurarem o solo. Assim como não viam os cães contando suas novidades quando trombavam uns com os outros, ou os unicórnios que timidamente sempre tentavam se esconder em algum arbusto, mas nunca eram rápido suficientes para conseguirem não serem vistos. Assim como, os cavalos alados, que diferente dos unicórnios, adoravam se exibir para todos, e viviam brincando com o sol, adoravam entrar na frente dele para que ofuscasse todo seu brilho na camada terrestre. Assim como não viam os pequenos cavalos marinhos que voavam as costas de cada pessoa sussurrando possíveis escolhas. Assim como não viam as flores cantando umas para outras e os inúmeros vaga-lumes que circulavam sempre bem próximos do solo para se esquentarem no vapor da chuva que acabara de ir embora.

Às vezes o menino se perguntava se apenas ele via aquilo por ter olhos grandes? Afinal, ninguém mais via. Outra coisa que o menino tinha reparado era que ninguém podia vê-lo também. E como sempre, um dia ele perguntou para seu mestre:

- É porque eles têm olhos pequenos, e não conseguem te ver.

E para o menino, fazia sentido. Ninguém tinha olhos tão grandes quanto os dele.
Outra coisa que o menino percebeu é que quando ele estava triste, todos os seres do mundo paravam para observá-lo chorar. As flores paravam de cantar, os cavalos alados pousavam preocupados, os tímidos unicórnios colocavam sua cabeça para espiar atrás das árvores, os gnomos paravam de trabalhar, as fadas de banhar e os cachorros de papear e os cavalos marinhos de sussurrar nos ouvidos das pessoas distraídas.
Mas logo, tudo ficava legal de novo. O menino não chorava lágrimas, mas ele chorava sementes.
Quando as sementes caiam na terra molhada, então um bebê flor brotava, e ele todo perdido naquele mundo novo, olhava para o menino com cara de choro. O menino, vendo a inocência daquele pequeno brotinho, sorria, esquecia a tristeza e todo entusiasmado começava a contar tudo sobre aquele mundo mágico em que a pequena florzinha agora iria fazer parte.
Logo, todas as criaturas se despreocupavam e voltavam a fazer o que tinham que fazer.

O menino diferente também tinha um dom diferente. Suas orelhas eram instrumentos musicais. A todo o momento, e a todo o instante, todos os sons a sua volta eram sinfonias. Mas ele não gostava tanto daquele dom não.

Ele via as pessoas gesticulando com seus lábios, viam pessoas dentro de carros apertando constantemente algo que usavam para dirigi-los, via pessoas com expressões intensas, mas, ele não as ouvia, e ele sempre quis ouvi-las, queria também ouvir o que elas ouviam, e queria que elas ouvissem o que ele ouvia. Como sempre, ele foi perguntar para seu mestre:

- Mestre, porque não posso ouvir os sons que as pessoas fazem?
- Talvez seja porque elas não fazem som algum. Ou talvez seja porque você não precisa ouvi-las.

Mas o menino queria ouvi-las. Assim como queria voar. Assim como queria que elas o vissem.

Um dia, determinado a conseguir tudo que queria, ele traçou um plano, iria dar um jeito de ouvir tudo que elas faziam, iria voar e iria ser visto.

Então o menino foi no bazar de um mágico renomado do seu bairro, comprou um trambolho estranho para suas orelhas que traduzia todos os sons das pessoas, algumas penas a mais para poder equilibrar suas asas e um óculos que fizesse com que seus olhos ficassem maiores e que fizesse com que ele pudesse ser visto.

Primeiro ele colocou o trambolho todo estranho nas alças de sua orelha e ficou completamente injuriado. Os cachorros gritavam, os carros faziam um barulho completamente irritante, elas falavam rápido, outras gritavam, em toda aquela confusão de barulhos, ele se esqueceu de tirar aquele aparelho mágico e logo em seguida colocou os óculos.

Tudo se tornou cinza, as fadas sumiram, os cavalos alados desaparecem, os unicórnios, pela primeira vez foram rápidos suficientes para se esconder, os gnomos nem deram sinal de vida. E os cavalos marinho? Que cavalos marinhos?

Mas ele percebeu que agora ele era visto. Porém continuava a não ser notado. A diferença e que as pessoas olhavam para ele e desviavam de sua reta, algumas encaravam seus olhos, outras se incomodavam com um “obstáculo” no seu caminho, outras simplesmente continuavam a ignorar sua presença ali. Até que então, uma pessoa veio em sua direção com um óculos parecidos com o dele, mas eles eram negros e espelhados, e ao passar ao seu lado, o menino viu seu reflexo.

Ele não era mais como antes. Agora ele estava normal. Seus cabelos tinham um aspecto marrom, não era mais tão magro, seus olhos escureceram assim como diminuíram de tamanho, e ele não estava mais desengonçado.
Assustado, ele quis fugir dali, queria tudo que pertencia ao seu antes de volta. Perdido naquele cinza e sem graça todo, ele esqueceu de tirar seus óculos. A primeira alternativa foi consertar suas asas e voar para longe dali.

Até que ele percebeu que não tinha mais asas. Tateou suas costas e elas não estavam mais ali. Ele entrou em desespero. Vendo que não havia mais alternativas, agachou e chorou. E ele não chorava mais sementes, chorava gotas pesadas e geladas de lágrimas, que tocavam o solo e eram absorvidas, sem nada que acontecesse depois.

O menino chorou, profundamente. Esqueceu do trambolho em suas orelhas, esqueceu dos óculos e esqueceu-se das asas. Tudo aquilo que ele não conhecia deixou ele em choque, mas uma coisa ele ainda acreditava. Que era no tempo. Esperou para que tudo voltasse ao normal.

Mas, um garoto diferente dele veio em sua direção e agachou-se fazendo com que seus olhos ficassem alinhados com os dele.

- Onde estão os unicórnios, os gnomos, as fadas, os cavalos alados, onde todos estão? Porque os sons não são mais músicas, porque não tenho mais minhas asas? Porque minhas lagrimas não me fazem mais feliz. Porque você e todas as outras pessoas podem me ver agora? – o menino angustiado perguntou.

E o garoto respondeu:

- Calma, eu acredito em você.

O menino:

- Acredita em mim? (Como assim, ele acha que estou mentindo? – pensou ele)

O garoto tirou os óculos do menino e esmigalhou em pedaços, tirou seu trambolho auditivo e o atirou no ar. Logo começou a olhar para o vazio, como se o menino não existisse. Olhou para sua volta, e novamente voltou a olhar onde o menino estava. Um lágrima pesada percorreu seu rosto, caiu no chão, e o solo a absorveu. Ele se levantou e continuou seu caminho.

Tudo voltara ao normal.

- Mestre, porque um garoto pode me ver e fez com que eu voltasse a ter tudo que tinha como agora? Porque outras pessoas não fizeram isso, e porque eles vêem e ouvem tudo muito diferente?

- Porque eles não conhecem o especial deles. Mas o garoto conhecia.

- Mestre, posso trazê-lo comigo, ele pode ser como eu? Eu quero que ele seja meu amigo.

- Ele já é como você, mas para que ele seja, ele não pode ouvir como você, ele não pode ver como você. Para que ele seja como você, você não pode existir.

- Entendi... Que bom que possa ser assim então, o “lado” que ele vive não é legal.

- Ele sabe disso e conta com você. Agora esqueça esse episódio e volte a dar atenção aos gnomos, fadas, unicórnios...

Mas o menino, apesar de toda a explicação, estava meio triste com o que acabara de acontecer. Ele pensou como aquele garoto vivia em algo tão ruim, e como ele, menino, vivia em algo tão bom. Porque os dois não podiam viver em um mesmo sentimento?
Ele se sentiu responsável agora. Estufou o peito e olhou com cara de sério, ele tinha que não existir para que o garoto pudesse ser como ele. Então ele iria fazer com que isso acontecesse, afinal, aquele garotou fez voltar tudo que o menino tanto amava.

Nem por isso, toda a responsabilidade, distraiu o menino de sua tristeza. Até que ele cambaleou. Novamente suas asas fazendo com que ele se desequilibrasse.

Todas as criaturas a sua volta, deram uma simpática risada de seu quase tombo, e ele vendo seu deslize e se sentindo timidamente envergonhado, deu risada.

As criaturas riram mais alto, e ele gargalhou. Tinha sido muito engraçado. Sem esquecer de sua responsabilidade, ele distraiu sua tristeza, e pensou: Pelo menos elas me fazem rir.

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

A Conveniência Dos Acentos

É conveniente ter acento no cu?
Vejamos pelo lado da semiótica

Do cu sai fragmentos, assim como outras pessoas enfiam fragmentos no cu.
Nesse caso, o acento seria completamente conveniente. A letra u, se assemelha à um reto, que, antes do cu, está presente. Portando, o sentido do cu estaria entre o fim do u e o acento, daí encontramos um ícone representante do cu.

Nu. Seria conveniente que nu não tivesse acento, se todos os seres humanos fossem mulheres.
Mas, existem uma variedade de produtos no mercado, como homens e trangeneros.


Proposta:
O acento no nu, poderia simbolizar um estado ou situação de que o praticante do ato estivesse.
Assim como nú, seria para um homem em estado normal. Nù, poderia servir para um homem na presença de uma mulher nu. Ou mesmo, nù serveria para um gay vendo outro homem nú ou nù. Podemos adaptar também em casos especias, como por exemplo, nü poderia servir para transgeneros. Mas daí fica complicado expressar o estado do atuante.

Deixe sua opinião sobre a conveniência do acento nas palavras nu e cu.


(ps: esse texto não é para ser levado na brincadeira, pois faz todo o sentido)

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Um dia agente aprende...

Um dia agente aprende...

Escrevo isso, com o meu baixíssimo repertório de 18 anos de vida.
Um dia agente aprende que nem tudo que agente acredita é real.
Um dia agente aprende que nem sempre o que você achava que iria agradar, agradou.
Um dia agente aprende, que as pessoas não esperam de você o que você tem de melhor a oferecer, mas o que elas querem que você ofereça.
Um dia agente aprende que você pode tentar fazer de tudo para ajudar, mas que na maioria das vezes, tudo que você recebe em troca, é a indiferença.
Um dia agente aprende que não existe papai noel nem coelhinho da páscoa.
Um dia agente aprende que sempre tem um escroto para destruir a melhor de nossas fantasias.
Um dia agente aprende que sangue familiar não é garantia de confiança.
Nem de segurança.
Nem de carinho.
Nem de amor.
Mas de dinheiro...
Um dia agente aprende que não adianta tentar mudar os outros, eles preferem que a vida os mudem, e de uma maneira muito pior.
Um dia agente aprende que cada um vive em uma realidade.
Um dia agente aprende, que a realidade de muitos, são uma mera ilusão de auto-defesa.
Um dia agente aprende que muita gente precisa depreciar você para se sentir melhor.
Um dia agente aprende que seus melhores amigos nem sempre vão ser os que vão te acolher.
Mas um dia agente aprende que são seus melhores amigos que vão sentir ódio e tomar suas dores.
Um dia agente aprende que existe inveja.
Um dia agente aprende que existe carência de atenção.
Um dia agente aprende que existe amor.
E quando agente aprende a amar...
Um dia agente aprende que não é normal você ter mais afeto pelos seus animais do que por muitas pessoas da sua família.
Um dia agente aprende que agente não se importa, por mais anormal que seja.
Um dia agente aprende que amar não é ser amado.
Um dia agente aprende que a vida é muito mais amarga do que se imagina.
Um dia agente aprende que o belo não é o estético, mas o emocional.
Um dia agente aprende que por mais clichê que seja, é a mais pura verdade.
Um dia agente aprende que ter tudo o que quer, nem sempre é sinônimo de felicidade.
Um dia agente aprende a indiferença.
Outro, o indiferente.
Um dia agente aprende ter raiva.
Outro, transformar em ódio.
Um dia agente aprende que existem coisas boas no mundo.
Outro, a ilusão. E outro, mais outro.
Um dia agente aprende que tem gente que não aprende.
Um dia agente aprende que existe só uma pessoa para se amar e contar no mundo.
Um dia agente descobre que esse alguém é você mesmo.
E um dia agente aprende que o mais belo nisso tudo, é que agente não aprendeu nada ainda.
Porque tudo isso não se aprende.
Mas que a vida ensina, ela ensina.

domingo, 30 de setembro de 2007

Os neoIntermédios da Arte


Intermédios da Arte – A Arte ignorando a Vida.

Prefácio

“Sua relação com a vida de quem a faz, também a relação da arte com a vida de quem a recebe. E que é uma relação de substituição, alternatividade, causação ou continuação: a arte no lugar da vida, a vida no lugar da arte, arte gerando vida, vida como fonte de arte. Uma vida. Também: a arte eliminando a vida, arte ignorando a vida. A questão mais importante da arte. Por vezes, a questão mais importante da vida”. (Teixeira Coelho – entre a vida e a arte - Balzac, A obra-prima ignorada)

É interessante como a arte realmente pode ser substituta da vida, na propria vida do artista. Li esse trecho em um livro que tinha que ler para faculdade, não vou negar, se não tivesse que lê-lo e simplesmente tivesse trombado com ele em uma livraria, jamais cogitaria em ler, mas creio que esse trecho resume bem tudo o que o livro tem a dizer.
O intuito agora é só fazer uma colocação, mas não discutir sobre o assunto, mesmo porque seria injusto eu falar sobre arte, não porque não entendo, ou sim porque eu a entendo, mas simplesmente, porque poderia passar horas e horas dizendo muito sobre a arte, e nunca conseguiria terminar de falar.

Os neoIntermédios da Arte

Vocês já reparam que o cinema é um meio que eleva a imaginação do ser humano? Quem aqui, nunca sentiu aquele frio na barriga quando via o Homem-Aranha suspenso pelos prédios, ou um dia desejou um mundo fantasioso de algum Harry Potter ou Senhor dos Anéis? Quem nunca aqui, nunca se emocionou com situações completamente forjadas, e que delas tiraram aprendizagens para vida? E tudo isso, através do cinema.
Mas vocês já observaram que, NÃO, o cinema não eleva a imaginação. Não tanto quanto uma leitura.
No cinema, você vê. A mensagem que chega até você é a mensagem que circula no seu meio de comunicação, é a mensagem do diretor, produtor, roteirista. Você curte a imaginação criada, mas você não flui com a sua imaginação.
Não posso ter isso como mérito ou qualquer coisa que se considere como exemplo. Mas quando li Harry Potter, o salão comunal era circular, e não quadrado =(.
E sempre achei do jeito que imaginava era muito mais legal. Mas depois que vi o filme, involuntariamente o salão comunal vem em minha cabeça quadrado.
Agora me perguntam, qual o fundamento de meu discurso? Dizer para que não vejam os filmes e apenas leiam os livros?
Sabe que eu não sei? Mas que o salão comunal era muito mais legal redondo do que quadrado, garanto que era.

Recomendo
Balzac A Obra-Prima Ignorada

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Os neoPacientes

Existem determinados tempos da nossa vida em que tudo parece ser uma droga... Já repararam? É a faculdade que é uma droga, é o tempo que não é suficiente, são os amigos que incomodam inacreditavelmente, o emprego que não te deixa feliz, enfim, nada é bom, e para completar com a frase mais clichê, “o ser humano é um eterno insatisfeito”. Ainda escrevo algo provando que as frases mais clichês são as mais verídicas e funcionais no meio moderno.

Mas aí vem o problema... Como resolver tudo isso? Cada pessoa administra de um jeito. Umas administram com o terapeuta, mas não cuidando de si, apenas justificando tudo com “meu terapeuta disse”. Provavelmente vocês conhecem alguém assim.
“Meu terapeuta disso que tenho que fazer algo... Meu terapeuta disse que estou em processo de depressão... Meu terapeuta disse que tenho que ser mais ousado... Meu terapeuta disse que preciso viajar...”
Interessante que realmente, muitas coisas que o terapeuta fala são completamente viáveis, mas até onde você, o “paciente”, age de acordo com o que o terapeuta fala. Para mim, muitas das terapias não são nem um pouco terapeutas, não por causa do profissional, mas por causa do paciente que se sustenta apenas na segurança do fato de “ter” um terapeuta que diz algo sobre você.

O fato se resume que hoje em dia, o ser humano anda tão carente de atenção, e muitas vezes, carente de pena. Hoje, ele não busca mais alguém para ouvir e administrar o que, e como resolver um problema ou uma crise que se passa. Na verdade ele busca a atenção de mostrar para os outros de como ele está mal, ele busca o reconhecimento dos outros de como ele precisa de algo ou de como a vida é está sendo extremamente cruel.
Posso estar errado, mas digo isso não apenas por concluir, mas porque eu já fui e em determinadas situações ainda sou, e por observar o comportamento de pessoas a minha volta. E também, só digo isso porque faz sentido. Afinal o ser humano é um eterno insatisfeito, e um eterno preguiçoso.
É muito mais fácil fazer com que as pessoas vejam como você está no fundo do posso e te ajudarem de alguma forma do que você, eterno acomodado, aceitar uma extrema fraqueza sua e tentar passar por cima disso.É muito mais fácil, e sacia muito mais a necessidade principal que é a carência. Carência de algo que o mundo moderno hoje, já não pode mais suprir.
Mas será que aprender a cuidar-se sozinho e se auto-criticar, além de por em prática o que os “terapeutas” dizem não é algo extremamente necessário em uma sociedade tão egocêntrica em que vivemos?
Creio que seja, mas também creio que não. Afinal, cada um é cada um. Muitos procuram saciar a carência, outros a se conhecer e a se virar sozinho. Cada um é cada um e cada um é cada um.

Mas sem duvida, não é melhor terapeuta do que nós mesmos, quando se trata de auto-conhecimento, o difícil é tirar o diploma nessa área, ainda mais sozinhos.

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Neoblog

De volta, pela terceira vez.
Prometo, que dessa vez tento ir mais longe com um blog. Mas esse já vai ser bem diferente.

O primeiro que tive era um diário da minha vida, que tomou mais minha dedicação e durou mais tempo foi 1 ano de relatos, templates mudados e muitas amizades construidas. Já o segundo, tratava da vida contemporânea, urbana e de relacionamentos modernos. Durou 3 posts, porque será?

Esse terá uma estrutura bem diferente, tratarei de assuntos de uma maneira mais críticas, criando crônicas,e desenvolvendo teses e teorias sobre pensamentos que tenho.

Enjoy it. ;)